Um pouco de Vitor Reis


 
 
 
Vítor Reis começou a trabalhar nos seguros em 1982 quando entrou para a Mundial-Confiança e integrou o ramo de Transportes. Atualmente, está na Direção Negócio Empresas (DNE) da Fidelidade  e continua a estar ligado aos Transportes. Paralelamente à sua atividade nos seguros, tirou o curso de árbitro e arbitrou nas categorias distritais e nacionais. 
Entre outras funções exercidas no futebol, foi Presidente da APAF-Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, deu várias formações sobre arbitragem (regras do jogo), foi coordenador da Comissão de Análise da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e da Federação Portuguesa de Futebol, delegado à Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol em representação da arbitragem do futebol profissional e já escreveu 12 livros sobre as regras do futebol e da organização do setor da arbitragem, sendo que dois desses livros não foram publicados.
 
Como surgiu o interesse pela arbitragem?
Eu gostava muito de futebol, cheguei a fazer um treino no Belenenses, mas vi que não tinha jeito nenhum. Em 1979 surgiu a oportunidade de frequentar um curso de árbitros e foi assim que tudo começou.
 
 
Pode descrever-nos um pouco do seu percurso por pelo mundo da arbitragem? 
Tirei o curso de árbitro e fui para a tropa. Ainda na tropa consegui arbitrar dois ou três jogos, mas foi em 1982/83 que comecei em força como árbitro distrital. Em 1987 subi à terceira categoria nacional onde estive três anos e, depois passei para a segunda categoria nacional onde permaneci duas épocas (89/90 - 90/91) e, finalmente, em 1991 subi à primeira categoria, onde me mantive até junho de 1997, altura em que abandonei a arbitragem por motivos pessoais.
Enquanto arbitrava já estava ligado à APAF-Associação Portuguesa Árbitros de Futebol desde 1995, primeiro como vogal da direção, depois como vice-presidente da direção até 2002. Depois surgiu a oportunidade de concorrer à presidência, ganhei a eleição e assumi a presidência da direção.
 
Em 2005 saí da APAF sem ter terminado o mandato. Depois desta experiência, que foi muito positiva e enriquecedora em termos desportivos e pessoais, estive ligado à formação de árbitros na Associação de Futebol de Lisboa, participei em diversos simpósios, colóquios e outras organizações, sem nunca ter deixado de escrever. Devo ainda referir que em 2011 fui convidado para coordenar a Comissão de Análise da então Liga Portuguesa de Futebol Nacional, onde exerci funções até Julho de 2014.
  
Qual é a perspectiva um árbitro dentro de um jogo? 
Um árbitro tem a responsabilidade de fazer a gestão do jogo, tomar todas as decisões técnicas e disciplinares que forem necessárias e de alguma forma participar no próprio jogo. 
No meu caso, eu ia sempre para os jogos com prazer de arbitrar, independentemente das ofensas, dos problemas e dos clubes. Gostava do que estava a fazer, sentia que era uma parte importante do jogo. Na minha opinião, para um jogo correr bem os árbitros têm que gostar do que estão a fazer. Esse é um princípio basilar, mesmo que depois haja jogos em que, por motivos vários, não correm como se deseja. É o tal risco inerente à função de julgar na hora e, muitas vezes, sob ambientes hostis. O árbitro é aquele elemento do jogo que nunca é aplaudido à entrada, sendo muitas vezes (demasiadas vezes) assobiado, criticado e vaiado à saída.
   
Como surgiu a ideia de começar a escrever livros sobre as regras do futebol e da arbitragem?
 
Dei inicio à escrita de livros sobre arbitragem em 1989, quando ainda era árbitro de segunda categoria nacional.
 
Eu morava em Oeiras e aceitei o desafio do Diretor de Serviços de Desporto da Câmara Municipal de Oeiras, que na altura que era o Profº José Manuel Constantino (atual Presidente do Comité Olímpico).  
A autarquia de Oeiras tinha um conjunto de fascículos (pequenos livros) com vários temas sobre o desporto, mas não tinha nada sobre arbitragem.  Então um dia num simpósio em que participámos, fui convidado para escrever um livro com esse tema (regras do futebol). 
Foi assim que surgiu o livro “Conheça Melhor as Regras do Futebol”. Até 1996 foram feitas sete edições deste tipo de livros. Aproveito para dizer que quem fazia a revisão técnica destes livros era o Adelino Antunes.
 
Em 2004/2005 escrevo o livro a “Arbitragem do Futebol - A Caminho do Futuro” sobre toda a organização do setor arbitragem. Foi uma incursão noutra área igualmente muito importante. 
Em 2007 volto à escrita dos livros técnicos sobre as regras do futebol com o “Conheça com Rigor as Regras do Futebol”, também com a revisão técnica do Adelino Antunes.
 
Está prestes a lançar um novo livro, pode desvendar-nos um pouco mais sobre este assunto? 
  
No fim de 2014 fiz um desafio a um colega que tinha colaborado comigo na Comissão de Análise da Federação Portuguesa de Futebol, o José Filipe, que tinha amplos conhecimentos técnicos e convidei-o para juntos escrevermos um livro sobre as regras do futebol. Estruturámos o livro e em meados de 2015 tínhamos o trabalho terminado, mas não o conseguimos publicar. Em 2016 também não arranjámos uma editora que apoiasse o projeto, mas como neste ano houve uma grande alteração das regras no futebol aproveitámos para fazer uma profunda revisão em todo o texto e atualizar o livro.
 
Já no terceiro trimestre de 2017 foi possível estabelecer um acordo de edição com a “Chiado Editora” para que aceitasse o nosso desafio e o livro com o título Amarelo Vermelho e Golo – O Futebol e as suas Regras vai finalmente ser publicado. No entanto, como era um livro com muitas páginas e capítulos a editora decidiu com o nosso acordo dividi-lo em dois. Assim, tivemos de idealizar dois subtítulos para cada um, sendo o primeiro “Amarelo, Vermelho e Golo – O Futebol e as suas Regras (Compreender a Arbitragem)”, com 650 páginas e o outro “Amarelo, Vermelho e Golo – O Futebol e as suas Regras (Perguntas, Respostas e outras Referências)”, com 300 páginas. O livro 1 terá por exemplo um Capítulo muito desenvolvido sobre o Vídeo-Árbitro.
 
O lançamento vai acontecer em Lisboa já no próximo dia 5 de Março, na Sede da Chiado Editora e será apresentado por António Simões, ex-jogador internacional de futebol e integrante da famosa Seleção Nacional que conquistou o 3º lugar no Campeonato do Mundo de 1966 em Inglaterra. Ainda não temos a indicação da data de lançamento no Porto, mas a apresentação do mesmo estará a cargo do Dr. António Montiel.
A quem se destina este livro?
 
Em primeiro lugar,  posso dizer que será o livro mais completo já editado em Portugal sobre esta matéria. Antes de mais quisemos proporcionar aos leitores o gosto pela pesquisa e conhecimento das regras. Foi como se quiséssemos que os leitores fossem árbitros e sentissem a vivência do que é arbitrar um jogo de futebol e o que é tomar decisões dentro do campo. Por isso, destina-se a todas as pessoas que gostem de futebol, sejam eles árbitros, árbitros-assistentes, observadores, dirigentes, treinadores, jogadores, alunos das faculdades de desporto, outros agentes do futebol, elementos da comunicação social, etc. 
 
 Na sua opinião qual o panorama da arbitragem em Portugal?
 
Resumidamente, fala-se muito sobre arbitragem, mas sem se saber verdadeiramente as regras do futebol. Também me parece que há comentadores a mais na arbitragem, há muitas opiniões e nem sempre são as mais correctas. Temos excelentes árbitros que fazem boas exibições e têm excelentes prestações, sem olvidar que por vezes acontecem erros, uns mais graves do que outros, mas os agentes do futebol devem estar preparados para que por mais tecnologias que o futebol possa ter haverá sempre uma margem de erro, mas  isso é o que faz o futebol ser tão espectacular e tão imprevisível.
 
 Para terminar, Vídeo-Árbitro, sim ou não? 
Sim, sim, até numa perspetiva de verdade desportiva, mas temos de saber fazer o devido equilíbrio nesta questão tão premente das novas tecnologias. Não podemos robotizar o futebol porque se isso acontecer iremos matar a sua essência e a sua emoção. Na questão do Video-Árbitro, o princípio que tem sido seguido pelas instâncias internacionais é este: “interferência mínima – benefício máximo”. Assim, se conseguirá a credibilização do futebol e se manterá a atração pelo jogo.
 
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15-02-2018
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